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Comunidade Samba da Laje

Há 17 anos, na rua Jandi,  vila Santa Catarina, zona Sul de São Paulo, existe uma das rodas de samba mais tradicionais da cidade: o Samba da Laje. O evento acontece todo segundo domingo do mês, a partir das 14h.

 

A tradição começou como uma festa familiar, oficialmente em 1997. Desde então, Dona Generosa é a responsável pela feijoada – se não com a mão na massa, como antigamente, na coordenação do preparo, devido a seu estado de saúde. Já o samba é feito por parentes e amigos. 

 

A boa música e o tempero do feijão foram atraindo cada vez mais gente. Além dos dez irmãos Silva (seis mulheres e quatro homens), somados aos maridos/esposas, e aos filhos/netos/bisnetos; foram chegando vizinhos e amigos. E o samba foi crescendo.

 

Resultado: a laje foi ficando pequena para toda aquela multidão. O espaço até passou por reforma para receber mais gente, mas não teve jeito.

 

“Teve um dia que veio tanta gente que falaram que a laje tava balançando. Fomos lá em cima e falamos pros meninos que não dava mais. Eles pegaram a mesa e desceram para rua, mas não tinha esse palco. Eles tocaram tudo torto na descida. Desse dia em diante o samba foi ali.”,  explicou Maria de Lurdes Silva – irmã de dona generosa.

 

O jeito foi descer para a rua e abrir os braços para quem quisesse chegar. A feijoada continua na laje, mas o samba é na rua.

 

O evento chegou a reunir quase mil pessoas, de acordo com a família Silva. A roda transformou-se em opção de lazer para toda comunidade.

 

A entrada é gratuita. A feijoada custa R$10. Os organizadores pedem aos frequentadores que doem 1kg de alimento para montar cestas básicas e distribuir na comunidade.

 

Por conta própria

 

Com o crescimento do samba, a família sentiu a necessidade de contatar a subprefeitura do Jabaquara. No começo o projeto recebia apoio, mas  hoje se mantém por conta própria.

 

“No começo eles davam o som e banheiro químico, mas agora, foi mudando o prefeito e foi parando”, explica Maria de Lurdes.

 

Pausa

 

Em 2012, por conta da saúde de Dona Generosa, a roda foi interrompida. Nessa época o samba acontecia no último domingo do mês. Quando voltou, em maio de 2013, passou a acontecer no segundo domingo, mas com as mesmas tradições. 

 

Integrantes do Samba da Laje:

 

Pastoras: Lurdinha, Bete, Daniela, Ana Paula e Márcia

 

Músicos: Juninho, Tadeu, Tim Maia, Gilson, Fabrício, Murilo, Thiago e Régis Moreno

 

Serviço:

Início 14h

Rua Jadi, 79  - Travessa da Rua Jorge Duprat Figueiredo. Vila Santa Catarina. Zona Sul. Entrada 1 kg de alimento não perecível.

Contato (11) 96084-2294/5566-0345.

 

DIÁRIO DE BORDO

O primeiro desafio foi encontrar a rua Jandi, na Vila Santa Catarina. O GPS não achou a rua pelo nome, mas eu sabia que era uma travessa da rua Jorge Duprat Figueiredo. Fui.

 

Chegando lá, perguntei para um senhor que passava se ele conhecia a tal rua Jandi. Ele olhou para o lado, como se tentasse lembrar de algo, mas desistiu.

 

- O nome não é estranho, mas não sei onde é, não.

 

E o Samba da Laje, sabe onde fica? – perguntei.

 

- Segunda a esquerda, não tem erro!

 

A rua Jandi não tem saída. Quando cheguei, por volta das 14h o palco já estava montado em frente da casa da dona Generosa – dona da laje e responsável pela famosa feijoada. Além do palco, uma tenda também foi erguida para vender cerveja e refrigerante.

 

Perguntei pela dona Generosa. Logo fui apresentado a ela, a sua irmã Maria de Lurdes e a sua sobrinha Daniela – quase uma assessora de imprensa do samba. Todas muito simpáticas. Conversamos sobre a origem do samba, a história da família Silva e sobre os problemas de saúde da Dona Generosa - único motivo que fez o samba parar, por um ano, desde 1997.  

 

A empolgação de Maria Lurdes, a Lurdinha, mostrou o porquê do samba continuar de pé após todo esse tempo. Desde 1997, deve ter acontecido, por cima, mais de 190 encontros do samba da laje. Mesmo assim, ela ainda parece gostar do evento. Animada, ela samba, conversa, canta e não para um segundo. 

 

Entre eu chegar e sair do Samba da Laje, Dona Generosa permaneceu sentada em uma cadeira no andar de baixo da casa, assistindo ao samba de dentro da garagem. Ela pode não ter mais a força física que mostrava nas fotos expostas na laje, mas ainda é a figura de respeito da Vila Santa Catarina: todos que chegam não deixam de cumprimentá-la.

 

Recorte

Daniela Oliveira é sobrinha da Dona Generosa e uma das pastoras do Samba da Laje. Em 1997, quando o Projeto começou, ela tinha 20 anos e já vivia no mundo do samba.  

 

“Sempre tive contato com o samba, porque minhas tias sempre me levavam. Além dos sambas na Laje [a famosa], tinha samba em nossas casas [em festas e aniversários, por exemplo]. Meu pai também tem um grupo de samba chamado Mé Maior. Eu sempre ia com eles quando iam se apresentar em algum lugar.

 

Daniela contava os dias para o samba da Dona Generosa. O envolvimento foi tanto, que hoje é ela quem assessora e ajuda a organizar o evento - além de cuidar da página do facebook. É ela também quem fica responsável pela produção artística quando o grupo vai se apresentar em algum lugar. Hoje, Daniela ainda espera ansiosa pelo Samba da Laje, mas a responsabilidade aumentou.

 

“Hoje ainda ficamos na expectativa do samba todo mês, mas agora também temos responsabilidades. O samba cresceu e recebe muito mais gente do que naquela época e, como somos nós mesmo que trabalhamos para que aconteça, fica mais difícil participar e conversar com todos que estão lá”, contou.

 

Na roda de samba, Daniela canta junto com as Pastoras, grupo de mulheres da família que canta na roda. Ela também se arrisca no pandeiro de vez em quando.

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