
O SAMBA DA MINHA TERRA
Comunidade Buraco do Sapo
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O Projeto Cultural da Comunidade Buraco do Sapo existe desde os anos 1980, quando um grupo de moradores da região decidiu se reunir para discutir ideias e melhorias para a comunidade.
Dessas reuniões nasceu, por exemplo, o Bloco Buraco do Sapo, onde seus fundadores e colaboradores ensinavam as crianças e os adolescentes da comunidade a tocar alguns instrumentos de percussão para desfiles carnavalescos.
Foi desse sentimento comunitário e cultural que, mais de duas décadas depois, foi criado a Projeto de Samba da Comunidade Buraco do Sapo.
O PROJETO
A roda de samba da Comunidade Buraco do Sapo foi fundada em 2007 por moradores que que já levavam consigo a tradição da música. Parte dos organizadores faziam parte do Miscigenação, grupo de samba que ensaiava e tocava em bares e festas na comunidade.
A criação do Projeto é declaradamente inspirado em outras rodas de samba da cidade, como o Pagode da 27, Samba da Vela e a Comunidade Maria Cursi. Os moradores que frequentavam esses projetos decidiram usar a experiência musical da comunidade e fazer a própria roda.
“Na verdade a gente não quis inventar a roda. A ideia era só criar um atrativo para comunidade. Aqui todo mundo foi sempre envolvido com samba, desde duas/três gerações. Foi mais para ao deixar morrer a influência que a gente teve do samba de raiz”, explicou Edilson Resende Alferis, conhecido como Ganso, presidente do Buraco do Sapo.
A sede do grupo é o Panela’s Bar, um botequim que estampa o nome da comunidade na fachada. Dentro, as paredes ostentam camisas de escolas de samba por todos os lados. Dali também sai a cerveja gelada para quem acompanha o evento. O banheiro é liberado para todos da festa.
O Samba começa às 15h. Muitas vezes, antes da apresentação do Buraco do Sapo, convidados de outras regiões da cidade assumem os instrumentos. Os organizadores dizem que a prática é comum de parceria entre as comunidades, que ajudam a divulgar os trabalhos autorais.
Quando o samba começa, Cartola, Candeia, Dona Ivone Lara, Zeca Pagodinho... As homenagens aos grandes sambistas não são deixadas de lado, mas a criação é o carro-chefe da comunidade. Os oito anos de roda resultou em um CD só com músicas autorais. E eles garantem que um segundo já está sendo produzido.
As composições são todas da comunidade. Um colabora com a letra, outros com o instrumental. “Todo mundo dá uma canetada”, contou Douglas Alves, um dos 14 integrantes da roda.
A roda surgiu com uma reação ao pagode industrializado que estourou nos anos 1990.
“O pagode comercial é muito legal… Para a gravadora. Ele acaba podando outras coisas que explicam nosso dia a dia, que falam da nossa comunidade. É isso que a gente gosta, é isso que a gente quero fazer.”, explicou Ganso.
Serviço:
Todo segundo domingo do mês.
das 15h às 22h
Grátis.
Rua Estanislau Severo, s/n - Vila Cavaton - São Paulo - SP
DIÁRIO DE BORDO
Chegar à comunidade Buraco do Sapo foi relativamente fácil. Marginal sentido Freguesia do Ó e confia no GPS. Chegando na Vila Cavaton a maior dificuldade é estacionar. Bairro residencial com muita subida. Toda casa tem garagem e toda garagem tem um carro que quer entrar ou sair. Nada que uma boa procurada nas ruas paralelas não resolva.
Estacionei. Perguntei para molecada que jogava bola descalça na rua se tinha problema. Descobri que um dos jogadores-mirins morava na casa. Ele autorizou, segue o jogo.
A Rua Estanislau Severo é uma enorme ladeira. A festa do Buraco do Sapo acontece bem no fim dela. De lá de cima já dava para ver a tenda onde ficava os músicos, a fumaça do churrasco, o carrinho de churros, as mesas montadas nas calçadas e o pula-pula das crianças. Já dava pra ouvir até a música:
"Não sei dizer o que mudou
Mas nada está igual
Numa noite estranha a gente se estranha e fica mal ." [ Borboletas - Victor e Leo]
Epa. Estava tocando sertanejo!
Cheguei, me apresentei. Fui recebido muito bem pelos moradores, que logo me apresentaram para o Geraldo, Douglas e para o Ganso [Presidente do grupo]. Eles explicaram que era o 8º aniversário do Projeto e que antes da roda de samba do Buraco do Sapo se apresentar, teriam outras atrações, como uma banda de sertanejo, uma roda de samba convidada de Perus, um cantor de reggae. Todos os gostos seriam contemplados.
Essa foi a grande diferença que eu senti do Buraco do Sapo. "Todos são contemplados". A festa é da comunidade e não do samba. Os vizinhos contribuem com um valor mensal para o evento e cada um tem o que gosta.
O Projeto de Samba da Comunidade Buraco do Sapo começou às 18h. Entre as músicas, clássicos do samba e muita coisa autoral. Diversos convidados foram chamados para cantar e tocar. O público rodeava a tenda para ver o grupo. Cerveja, churrasco e samba. A festa estava completa.
Pode procurar no Google, você não vai encontrar o bairro Buraco do Sapo. O nome da comunidade também não está na lista do correios e nem no seu mapa da cidade.
Oficialmente o bairro se chama Vila Cavaton, pertence ao Distrito Freguesia do Ó. Mas não se engane, pros moradores ali é, e sempre será a Comunidade Buraco do Sapo.
O nome nasceu quando a região ainda não tinha todas aquelas casas e ruas. Quem nasceu ali conta um cenário bem diferente, que tem tudo a ver com sapo.
"O nome da comunidade é porque aqui antigamente era um brejo. Toda essa área até mais ou menos aquele prédio era um brejão, um mangue né... Então dai surgiu o nome", contou Vilson Machado, morador da Comunidade Buraco do Sapo há 50 anos.